domingo, 18 de dezembro de 2011

Ser ciclista em Natal: um problema para nós ou para os carros?

(Não esqueçam de votar na enquete lá embaixo!)

Bom, como prometido, vamos falar um pouco sobre a relação ciclistas x trânsito em Natal. Eu, mesmo quando estou de carro, sempre observo a reação dos ciclistas nas ruas da cidade. E dos motoristas, claro. A conclusão nunca é bacana: falta educação e respeito. Tá certo que tem muito ciclista maluco por aí - que atravessa a rua sem olhar para trás, que passa pelas esquinas sem diminuir a velocidade, que anda colado nos carros mesmo quando tem espaço de sobra na pista. Mas tem muita gente curtindo a bike de forma bacana, respeitando as sinalizações, descendo dela para atravessar faixa de pedestre (sim, faixa de pedestres é para pedestres, e ciclista só é pedestre quando está empurrando a bicicleta, não em cima dela) e entendendo que, como para os motociclistas, para-choque de bicicleta são os peitos e todo cuidado é pouco.

Pedi a algumas pessoas que me falassem um pouco sobre suas experiências ciclísticas pela cidade e recebi alguns depoimentos. Um deles foi o de um amigo que, por ser neurocientista, adotou o apelido de "Neurociclista". Ele começou a andar de bike em Natal há um ano, e se diz satisfeito com os avanços que fez. São 5km da casa dele, em Lagoa Nova até o trabalho, na UFRN. Ele conta que, no começou foi difícil, mas que é uma questão de tempo se acostumar com o trânsito. Mas com a falta de educação é difícil de se acostumar, não é mesmo? Nosso Neurociclista acha que (surpreendentemente para mim) os mais respeitosos no trânsito são os motoristas de ônibus. "Em várias situações eles pararam para que eu passasse. Porém, motoristas em carros grandes e importados sempre avançam, e não respeitam a regra de manter 1,5 m de distância das bicicletas", ele diz. O Neurociclista não só se acostumou como se superou nas pedaladas. O Facebook me contou que ele foi até a Praia de Pipa pela orla e tem até foto de percurso num vulcão da Itália! Será verdade, seu cientista ciclista? 

Olha aí, roubei a foto do percurso do vulcão Vesúvio, feito pelo nosso colaborador. Massa, não??

Mas nem tudo são flores. Por causa de um motorista desatento que dirigia enquanto falava ao celular, nosso amigo foi ao chão e se machucou. No Facebook ele conta: "Lanterna anterior quebrada, cotovelo esquerdo todo arranhado, grande escoriação na coxa esquerda e joelhos estropiados. Motivo: Motorista atendendo celular e dirigindo, quase me atropelou e por isso acabei indo ao chão. Uma semana sem andar de bike". Ele diz que, depois disso, passou a filmar todos os percursos que faz, o que o rendeu até fama nas ruas: “além de estar registrando uma Natal diferente, a câmara intimida os motoristas. Muita coisa engraçada aconteceu, teve até um dia em que uma moto passou devagarzinho e a pessoa que estava na carona gritou: “Ei homi do GOOGLE, filma eu!”.

Eu confesso que, quando saio de bicicleta aqui de casa, tenho medo dos motoristas do meu próprio bairro. Parece que quanto mais grana as pessoas têm, menos educação elas conseguem colocar em prática. O ego é grande e todo mundo se acha dono da rua. Fica o alerta: a regra diz que é obrigatória a distância de 1,5 m entre um carro e um ciclista. Um espaço razoável, e não custa nada tentar respeitar. Segurança para quem pedala e, olha que legal, status e pontos positivos para quem dirige! 


DICA DO DIA
Nosso Neurociclista avisa: participar das pedaladas e encontros de ciclistas da sua cidade podem ser muito útil para pegar dicas, trocar experiências e entender um pouco mais do funcionamento do trânsito do lugar sob o ponto de vista dos pedais. Normalmente esses grupos se organizam pelas redes sociais, ou através de alguma Ong ou mesmo loja de bikes. Descubra onde estão os encontros pertos de você e participe! No mínimo você sai de lá com mais conhecido para dividir percursos e experiências. 
Aqui em Natal esses encontros acontecem vários dias na semana. Consegui informação sobre alguns, veja só:

  • ROTA DO SOL – em frente ao posto Texaco, próximo ao Frasqueirão: vários grupos se misturam e saem juntos. Encontros às terças e quintas, saídas entre as 19h e 20h.
  • PRAÇA AUGUSTO LEITE – em Tirol. Grupo da Bikesport sai às quartas, às 20h.
  • BIKE AVENTURA – grupo da loja homônima. Encontros às quartas, na própria loja que fica aqui, às 20h.


Finalmente, o diário.

O TERCEIRO DIA – Devo admitir que joguei a toalha. Acordei na sexta-feira com o joelho doendo bastante. Quando doem as pernas, os braços, o bumbum, eu nem ligo. Faço o esforço e vou. Mas o joelho é complicado, porque machuquei os dois jogando vôlei na adolescência. Preferi não arriscar. Fica o descanso e, nesta segunda, a retomada!

Obrigada pela visita.

;)

4 comentários:

  1. Oi, Patrícia!
    Esse neurociclista é meu cunhado; foi ele quem mais me incentivou nos pedais; hoje sinto abstinência quando fico mais de dois dias sem pedalar.

    Parabéns, mais uma vez, pelo blog.

    Gil Chaves (Salvador-BA)

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  2. Oi, Gil! Vc é cunhado do Neurociclista?? Que divertido!! rsrsrs. Obrigada pela visita, novamente. Continue vindo aqui. =)

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  3. Pedalar em Natal... As vezes, quando vou pra aula, cerca de 12 Km, à noite, coloco uma música animada no cel que fixo na mochila próximo ao meu ombro. Vou pedalando com toda responsabilidade que tenho. Sou ciclista, cicloativista e pedalo diariamente. Pedalar em Natal é complicado! Temos que fazer uso de acostamentos, sofremos com os buracos e com a educação do trânsito. Falta educação, estrutura e sinalização. O ciclista é invisível no sistema de regulamentação do trânsito em Natal. Onde tem (única praticamente) ciclovia, não tem sinalização, placa e etc e onde achei uma placa com uma bicicleta não tinha espaço pro ciclista. Piada. Mas um pouco de experiência e coragem ajudam a "compartilhar" a rua com os carros, visto que o trânsito aqui mais parece guerra. Quando comecei vez por outra usava freio brusco raspando pneu no asfalto. Comecei a usar de mais prudência e a manter mais distâncias dos veículos a minha frente e isso reduziu bastantes as surpresas causadas pelas muadanças de direção não sinalizadas dos motoristas. Com experiência e se fazendo uso de uma pedalada defensiva, dá pra ter segurança no pedal urbano. Muitas vezes é uma questão de até deixar um carro passar e você mesmo aplicar a distância mínima puxando a bicicleta mais um pouco pro canto. Tem que funcionar meio que num sistema de respeito de ambas as partes. Ultimamente não tenho tido problemas no trânsito. Quedas? Até hoje só uma. Mas foi de maduro, quando troquei os pneus carecas por um novo. Inventei de subir uma calçada e pum... Mas vamos aí... Gostei muito do blog... Seja bem vinda a essa "liberdade" em loading...

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    1. Olá, Herculano! Volte sempre, obrigada pela história. A ciclovia da Via Costeira é mesmo uma piada. Valeu o incentivo. O próximo post ainda é sobre segurança, mas dessa vez com a história de um colega que foi atropelado na Rota do Sol e a experiência dele. Abraços!

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